Santa Cruz

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Santa Cruz é um bairro do Rio de Janeiro, com uma área total de cerca de 125 km² de extensão, ou seja, próximo a 10 % da área total da cidade. Faz divisa com os bairros de Sepetiba, Guaratiba e Paciência, todos localizados na Zona Oeste. De acordo com os dados do Censo de 2010, Santa Cruz possui uma população de 217.333 habitantes, sendo a maior parte, 63,3 %, formada de pessoas entre 15 e 64 anos. Logo, constitui-se  como um dos bairros mais populosos, formado predominantemente de população jovem e adulta. No quesito desenvolvimento, possui um dos mais baixos IDHs da cidade, ficando este índice sob a marca de 0,742. Do ponto de vista natural, Santa Cruz é formada por terrenos de terras de aluvião, mangues e áreas edificadas, todos conformados na era cenozoica. Possui uma cobertura vegetal majoritária de Mata Atlântica e rios e canais que auxiliam na formação da bacia hidrográfica da Baía de Sepetiba.

Historicamente, as terras que hoje formam o bairro de Santa Cruz eram habitadas, até o século XVI, predominantemente por índios tupinambás, os mais antigos do tronco linguístico tupi a habitar o litoral brasileiro. Estes índios nomeavam estas terras de “piracema” que, em tupi, significa “abundância de peixes”. Quando iniciado o processo de colonização, Santa Cruz estava inserida nas terras da Capitania de São Vicente e, especificamente numa sesmaria recebida por Cristóvão Monteiro por doação da Coroa Portuguesa. Após sua morte, a viúva Marquesa Ferreira doa partes das terras herdadas à Companhia de Jesus. Os padres Jesuítas, a partir de 1589 iniciaram a ocupação do território instalando nele uma fazenda. No inicio do século XVIII, ocorre a construção da sede da Fazenda de Santa Cruz, que possuía uma capela dedicada à Santa Barbara, um convento e outros pequenos prédios de apoio. Nesta fazenda eram produzidos diversos gêneros alimentícios como feijão, mandioca, cacau, açúcar, farinha e arroz, além de possuir uma vasta criação de gado e demais animais para consumo. Com a expulsão dos Jesuítas do Brasil em 1759, a propriedade passou a fazer parte dos bens da Coroa Portuguesa e, após a transmigração da corte para o Brasil em, 1808, passou a ser uma das residências da Família Real e Imperial.

Em finais do Segundo Reinado, inicia-se o processo de industrialização do Rio de Janeiro o qual vai em direção aos subúrbios. Nas terras da Fazenda de Santa Cruz é instalado, em 1881 o novo Matadouro Público, responsável pelo fornecimento de carnes para toda a cidade. Este empreendimento ajuda a levar uma grande quantidade de negociantes, operários e demais trabalhadores urbanos a residir em Santa Cruz, que neste período era considerado um lugar moderno e industrializado ao ser comparado com outras áreas da cidade. Em 1936 é inaugurado o Aeroporto Bartolomeu de Gusmão, que recebia voos de dirigíveis ligando Rio de Janeiro à Frankfurt com escala em Recife, operados pela Luftschiffbau Zeppelin G.m.b.H.

Na década de 1960, após a transferência da Capital Federal para Brasília e a criação do estado da Guanabara, Santa Cruz acompanha o processo de industrialização pensado naquele momento para o país, recebendo o projeto do Distrito Industrial de Santa Cruz, planejado para abrigar empresas dos setores siderúrgico e metalúrgico, dada a proximidade com o Porto de Sepetiba e a facilidade de escoamento da produção. Aos poucos diversas empresas se instalam em Santa Cruz, tornando o bairro um grande polo industrial.  

Saiba mais

DUARTE, Ticiane; PEDROZA, Manoela. As querelas entre marchantes e políticos em torno da carne verde (Matadouro Público de Santa Cruz, Rio de Janeiro, 1872-1889). In: ENGEMANN, Carlos; AMANTINO, Márcia. (Org.). Santa Cruz: de legado dos jesuítas à pérola da coroa. 1 ed. Rio de Janeiro: Editora da UERJ, 2013, p. 315-348. Disponível em: :http://www.4shared.com/office/3twyqRCC/DUARTE_PEDROZA_2011_Carne_verd.html . Acesso em 04 set. 2015.

ENGEMANN, Carlos. Os Servos de Santo Inácio a serviço do Imperador: demografia e relações sociais entre a escravaria da Real Fazenda de Santa Cruz, RJ. (1790-1820). 2002. 144 p. Dissertação (Mestrado em História Social) Programa de Pós-Graduação em História Social, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2002. Disponível em: http://livros01.livrosgratis.com.br/cp000118.pdf . Acesso em 04 set. 2015.

FREITAS, Benedicto. Santa Cruz: fazenda jesuítica, real e imperial, v. 1, 2 e 3. Rio de Janeiro: [s.n.], 1987.

__________. O Matadouro de Santa Cruz: cem anos na vida de uma comunidade. Rio de Janeiro: Editora Autor, 1977.

FRIDMAN, Fania. De chão religioso à terra privada: o caso da Fazenda de Santa Cruz. Rio de Janeiro. Cadernos Ippur, jan-jul, 2002. Disponível em:  http://pt.scribd.com/doc/269631014/FRIDMAN-Fania-Do-Chao-Religioso-a-Terra-Privada-o-Caso-Da-Fazenda-de-Santa-Cruz-No-Rio-de-Janeiro#scribd Acesso em 04 set. 2015.

MAIA, Rosemere. Entre a Majestade e o Caos: história, cultura e cotidiano de uma área periférica da cidade do Rio de Janeiro. Mercator, Fortaleza; v. 7, n. 13, 2008, p. 59-69. Disponível em: http://www.redalyc.org/articulo.oa?id=273620629007 Acesso em 04 set. 2015.

SANTOS, Leonardo Soares dos. A Cidade está Chegando: expansão urbana na zona rural do Rio de Janeiro (1890-1940). Revista Crítica Histórica, Maceió, ano II, n. 3, jul. 2011. Disponível em: http://www.revista.ufal.br/criticahistorica/attachments/article/93/a_cidade_esta_chegando.pdf . Acesso em 04 set. 2015.