O que é um ecomuseu?
Tweetar Recomendar- Museu
Tradicional:
modelo de museu que opera processos de musealização ex-situ,
ou seja, o objeto musealizado é apartado da sua realidade funcional e elevado à
instância representacional no museu. Este modelo subdivide-se em: Museu
Tradicional Ortodoxo (o mais conhecido modelo de museu, um prédio que abriga
coleções de arte, história, ciências, etc.) e Museu Tradicional com Coleções
Vivas (jardins botânicos, jardins zoológicos, aquários, vivários, biodomos,
etc.).
- Museu
de Território:
modelo de museu que opera processos de musealização in-situ,
ou seja, o objeto musealizado não é apartado do seu contexto de ambiência, mas
todo o ambiente/ território na
integralidade são musealizados. Este modelo subdivide-se em: parques naturais,
sítios musealizados, museus à céu aberto e ecomuseus.
- Museu Virtual: modelo de museu que opera processos de musealização somente em ambiente virtual.
- O Musée de
l’Homme ou Musée d’Ethnographie
du
Trocadero,
fundado em 1878 em Paris, França.
- Os Heimatmuseum, fundados em diversas partes da Alemanha durante o entreguerras com a intenção de valorização do patrimônio local e das práticas tradicionais populares.
Um ecomuseu é um instrumento que um poder e uma população concebem, fabricam e exploram juntos. Este poder, com os especialistas, os recursos que ele fornece. Esta população, segundo suas aspirações, seus saberes, suas faculdades de escolha. Um espelho no qual esta população se olha para se reconhecer, no qual ela procura uma explicação para o território ao qual ela está unida, junto àquela população que a precedeu, na descontinuidade ou na continuidade das gerações. Um espelho que esta população tem às suas ordens para melhor se conhecer, com respeito ao seu trabalho, seus comportamentos, sua intimidade. Uma expressão do homem e da natureza. O homem aí é interpretado no seu meio natural. A natureza o é na sua selvageria, mas também como uma sociedade tradicional e a sociedade industrial que são aplicadas à sua imagem. Uma expressão do tempo, quando a explicação remonta o início dos tempos quando o homem apareceu, seu estágio através dos tempos pré-históricos e históricos que ele viveu, relacionado com o tempo que ele vive. Com uma abertura para o tempo de amanhã, sem que, por outro lado, o ecomuseu se coloque como fabricante de sentidos, mas, ao contrário, desempenhe um papel informacional e de análise crítica. Uma interpretação do espaço. Espaços privilegiados, onde se para a observar, onde se caminha. Um laboratório na medida em que ele contribui para o estudo histórico e contemporâneo dessa população e de seu meio e favorece a formação de especialistas nestas áreas, em cooperação com organizações externas de pesquisa. Um conservatório na medida em que ele ajuda na preservação e na valorização do patrimônio natural e cultural dessa população. Uma escola, na medida em que associa essa população à suas ações de estudo e pesquisa, nas quais ele incita a melhor compreender os problemas do seu próprio futuro. Este laboratório, este conservatório, esta escola se inspiram de princípios comuns. A cultura na qual eles estão inseridos é entendida em seu sentido mais abrangente, e eles se preocupam em tornar conhecida a dignidade e a expressão artística, de qualquer parte da população da qual emanem as manifestações. A diversidade aí é ilimitada, mesmo os dados diferindo de um lugar para outro. Eles não se fecham em si mesmos, eles recebem e dão. (RIVIÈRE, 1980, p. 443-445, grifo nosso, tradução Felipe Carvalho).
Saiba mais
CLAIR, Jean. Les origines de la notion d’écomusée. In: WASSERMAN, F. (Ed.) Vagues: une anthologie de la nouvelle muséologie. v. 1 M.N.E.S., 1992, p. 433-439.
ÉVRARD, Marcel. L’écomusée: saisie de la durée, expressiontransitoire de l’identité. In: WASSERMAN, F. (Ed.) Vagues: une anthologie de la nouvelle muséologie. v. 1. M.N.E.S., 1992, p. 488-493.
GUANG, Song Xiang. How the theory and pratice of ecomuseums enrich general museology. In: Comunication and Exploration. Trentino : Trentino Cultura, 2005, p. 37-42.
KINARD, John. Intermédiaires entre musée et communauté. In: WASSERMAN, F. (Ed.) Vagues: une anthologie de la nouvelle muséologie. v. 1. M.N.E.S., 1992, p. 99-108.
MAURE, Marc. Ecomuseums: a mirror, a window or a show-case? In: Comunication and Exploration. Trentino : Trentino Cultura, 2005, p. 69-72.
RIVIÈRE, Georges Henri. L’Écomusée, un modèle évolutif. In: WASSERMAN, F. (Ed.) Vagues: une anthologie de la nouvelle muséologie. v. 1 M.N.E.S., 1992, p. 440-445.
SCHEINER, Tereza. Musée et muséologie: définitions em cours. In: MAIRESSE, François; DESVALLÉES, André. Vers une redéfinition du musée ? Paris : L’Harmattan, 2007, p.147-165.
___________. Réflechir
sur le Champ Muséal : significations et impact théorique de la Musélogie. In:
37th Annual ICOFOM Symposium, 2014, Paris. New Tendences of Museology. Paris, ICOFOM. (no prelo).
SOARES, Bruno Brulon. Quando o museu abre portas e janelas : o reencontro com o humano no museu contemporâneo. 2008. 163 p. Dissertação (Mestrado em Museologia e Patrimônio) Programa de Pós-Graduação em Museologia e Patrimônio, Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro, Museu de Astronomia e Ciências Afins, Rio de Janeiro, 2008. Disponível em : http://ppg-pmus.mast.br/dissertacoes/bruno_c_brulon_soares.pdf
VARINE, Hugues. L’écomusé. In: WASSERMAN, F. (Ed.) Vagues: une anthologie de la nouvelle muséologie. v. 1. M.N.E.S., 1992, p. 446-487.